No próximo ano, teremos o aniversário de cem anos da Primeira Guerra Mundial. Haverá diversas homenagens prestadas em cada canto do planeta. Parece que até os fornecedores de TI estão preparando um tipo de homenagem ao desenvolver o smartwatch, um gadget para usar no pulso que vai fazer muito mais do que fornecer as horas. Ele se tornará uma ferramenta colaborativa para funcionários móveis, assim como era o relógio de pulso.
Como você sabe, foi durante a "guerra para terminar todas as guerras" que os líderes militares começaram a usar o relógio de pulso como uma ferramenta colaborativa. Oficiais de diferentes brigadas se espalhavam por uma linha de frente com vários quilômetros e sincronizavam os seus relógios antes de realizar ataques aos inimigos. Como notoriamente retratado por Gary Cooper no filme ganhador de prêmios da Academia Sargento York, tal colaboração cronográfica possibilitou a realização de ataques bem sincronizados. E por trás das trincheiras, os relógios de pulso eram essenciais para coordenar toda a logística necessária para dar suporte aos exércitos durante a Grande Guerra.
Será que a enxurrada de smartwatches que vem por aí se tornará tão popular e onipresente quanto o relógio de pulso? Certamente não no início. Mas isso não acontecerá por causa da falta de opções.
Já existem alguns smartwatches sendo oferecidos no mercado por grandes (Sony) e pequenas (Allerta) empresas. Há rumores de que Apple, Google e Microsoft estariam desenvolvendo smartwatches rodando versões do iOS, Android ou Windows 8, respectivamente. A Samsung também revelou estar desenvolvendo um smartwatch.
O seu smartwatch não será capaz de se comunicar por vídeo como o de Dick Tracy. Entretanto, você terá ferramentas colaborativas não concebidas no auge do desenho do detetive. Você poderá ler suas mensagens de texto e e-mails, verificar a sua agenda, ver a identidade de quem está ligando e muito mais, tudo no seu pulso.
Devido às limitações de tamanho e potência, o smartwatch dos dias de hoje é projetado para trabalhar em conjunto com o smartphone do usuário. Sem uma conexão Bluetooth com o dispositivo principal, eles são bem ineficazes – nada de e-mail ou comunicação em tempo real.
Outro ponto negativo é a tela pequena. A tela de 128 x 128 pixels do Sony SmartWatch tem somente 1,3". Isso limita a quantidade de informações que pode ser exibida. E os dispositivos possuem baterias que, assim como as dos celulares, tem pouco tempo de duração e precisam ser recarregadas ao fim do dia. Então é questionável se os CEOs trocarão os seus cronógrafos Patek Philippe pelos smartwatches em um futuro próximo.
Entretanto, tanto os smartwatches existentes quanto os que são apenas boatos têm algo que nenhum dos caros Rolex ou TAG Heuer podem reivindicar: um kit de desenvolvimento de software (SDK). Com um SDK, os departamentos corporativos de TI, bem como desenvolvedores independentes de software, podem criar aplicativos colaborativos que se aproveitam de um dispositivo inteligente que não ocupa as mãos como um smartwatch para cenários especializados.
Por exemplo, hoje em dia muitos médicos levam tablets enquanto estão visitando os seus pacientes. Estes assistentes digitais ajudam a reduzir os erros médicos ao diminuir os problemas de transcrição e garantir que dados corretos e do paciente atual estejam à mão. É claro que o problema é que o médico precisa estar constantemente manuseando o seu tablet enquanto examina um paciente. Ao falar diretamente com um smartwatch ativado por voz usando o aplicativo certo, um médico poderia pedir um novo exame ou atualizar o registro médico eletrônico de um paciente enquanto realiza a consulta, e não depois dela.
Assim como os soldados da Primeira Guerra Mundial, os socorristas e trabalhadores de logística dos dias de hoje precisam ser capazes de se comunicar com as mãos livres enquanto trabalham. Colocar uma mangueira de incêndio ou uma encomenda de lado para enviar relatórios de atualização para supervisores remotos ou coordenar ações com colegas de trabalho é algo impraticável. É aí que os aplicativos para smartwatch que permitem a entrada e saída de comandos por voz e toque podem se destacar, permitindo que equipes mantenham em comunicação constante sem que seja necessário interromper as tarefas que estão realizando.
As limitações atuais dos smartwatches podem fazer com que você desconsidere os dispositivos. E é claro que isso foi o que os céticos disseram sobre os primeiros smartphones e tablets. Mas os smartwatches acabaram de deixar a fase beta. Mesmo em seu formato atual, a ABI Research prevê a venda de mais de 1,2 milhão de smartwatches em 2013. Mais recursos serão apresentados em breve, tornando os dispositivos mais atraentes para muitos outros usuários. Pode ser que em breve, nessa era do “traga o seu próprio dispositivo”, os CIOs enxerguem menos o smartwatch como um acessório de moda e mais como uma necessidade corporativa.
Para alguns, a Primeira Guerra Mundial é passado. Mas para os usuários dos primeiros smartwatches, ela representa a base para uma ferramenta colaborativa moderna que está presa aos seus pulso. Como previa o slogan do filme De volta para o futuro II: “Sincronizem os seus relógios. O futuro está voltando.”